quinta-feira, 10 de julho de 2008

Diploma x emprego

Falta de experiência profissional dos jovens para o mercado de trabalho está entre uma das principais causas do desemprego





A pesquisa ainda mostra que o desemprego entre os jovens brasileiros de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior que entre os adultos com mais de 24 anos. Em 1995, a taxa era de 2,9 vezes e em 1990, 2,8. Os dados mostram que em 2006, a taxa de desemprego era de 5% entre os adultos de 30 a 59 anos; de 22,6% entre os jovens de 15 a 17 anos; de 16,7% entre 18 e 24 anos; e de 9,5% entre 25 e 29 anos.

Segundo Roberto Gonzalez, pesquisador do Ipea, uma das hipóteses que justificam a maior dificuldade dos jovens para ingressar no mercado de trabalho é o preconceito das empresas em relação aos trabalhadores menos experientes. "O mercado de trabalho melhorou no Brasil nos últimos anos, mas a melhora foi menor entre os mais jovens, o que justifica a necessidade de políticas públicas para tentar assegurar o lugar desses trabalhadores no mercado", disse.

Realidade

Para a recém-formada em Produção Audiovisual pelo UniCESP, Juliana Gonzaga, 22 anos, a falta de abertura do mercado para os jovens inexperientes dificulta a qualificação profissional. “Se não tivermos a chance de termos o primeiro emprego, nunca teremos a chance de competir com pessoas mais qualificadas”, observa Juliana.

Segundo a jovem, diante dessa realidade, os programas de estágios e jovens aprendizes se tornam fundamentais para a qualificação ou especialização daqueles que procuram seu primeiro emprego. “Os programas de estágio continuam sendo os principais portões de entrada da multidão de mais de 400 mil jovens que trocam os bancos escolares por empregos todo ano e a esperança para os mais de 3 milhões que cursam a universidade”, considera.

A contratação de estudantes como estagiários, amparada por lei que estimula as empresas a abrirem espaço aos aprendizes, torna o programa atrativo e, se bem administrado, também um bom investimento para empresas e estagiários. Uma das principais exigências de mercado, com exceção dos programas de trainees, é experiência, que pode ser adquirida por meio do estágio. O estudante que opta por não estagiar ou aquele que não tem essa oportunidade enfrenta mais dificuldades para chegar ao emprego formal em sua área.


Capacitação

Para o presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), Marcelo Azevedo dos Santos, a política governamental ainda é uma barreira para o crescimento empresarial, o que poderia proporcionar a abertura de novos postos de trabalho. “Entretanto, acredito que o fator relevante do desemprego é a falta de capacitação. Isso porque as vagas já abertas permanecem ociosas, em razão de falta de profissionalização dos jovens. São vagas que necessitam de capacitação, principalmente nas áreas da construção civil e indústria pesada”, explica Azevedo.

O presidente ainda ressalta que o problema do desemprego tende a ser mais acentuado entre os jovens do que no restante da população em todo mundo e o crescimento do desemprego entre os jovens reflete a expansão geral do problema em todas as faixas etárias.

Segundo Azevedo, investimentos em empresas, tanto no que se refere à criação quanto ao incremento, podem ser alternativas para a geração de postos de trabalho. “Porém, mesmo os empreendedores precisam capacitar-se para que suas empresas possam ter longevidade no mercado. A própria cultura empreendedora, caso fosse difundida, desenvolveria o próprio interesse dos jovens em investir em capacitação”, diz o presidente.

Investimentos

Uma das alternativas apontadas para a diminuição dos empregos entre os jovens é o empreendedorismo, que começou a ganhar força no Brasil a partir da década de 90, durante a abertura da economia.

No relatório publicado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil figurou entre as nações onde mais se iniciaram empresas. O país registrou uma taxa de empreendimentos na ordem de 11,3%, ficando na sétima posição da pesquisa. Ainda segundo os dados, o Brasil ocupou a 14ª posição na razão da taxa de empreendimentos com mais de quarenta e dois meses iniciais, o que mostra ser pequena a representação das empresas que se mantém por mais tempo, ou seja, é o período considerado capital para a sobrevivência do empreendimento. No ranking do empreendedorismo por necessidade, o Brasil ocupa a 4ª posição.

Há 7 anos Flávio Silveira, formando em Jornalismo pela Universidade Católica de Brasília (UCB) viu a possibilidade de se manter fora desses índices de desemprego. “Criei a minha própria empresa porque sei que essa é uma das soluções mais viáveis para os jovens licenciados, que encontram cada vez mais obstáculos para conseguirem entrar no mercado de trabalho”, explica o empresário.

“O povo brasileiro é motivado a empreender pelo desemprego, pela falta de reconhecimento na empresa onde trabalha, ou pela baixa remuneração. Na maioria das vezes, o empreendedor abre uma empresa levado pela necessidade de se inserir no mercado de trabalho. O uso adequado da informação conduz ao conhecimento. O conhecimento bem aplicado leva ao sucesso”, explica Silveira.

Segundo ele, a alta carga tributária e a necessidade de crédito não são os principais fatores responsáveis pelo fechamento de uma empresa. “A falta de planejamento somado ao desconhecimento do negócio são fatores que, com mais freqüência, levam ao empreendedor a encerrar a atividade. Assim, as informações constituem-se num valioso instrumento para planejar e coordenar as políticas administrativas salutares a qualquer tipo de empreendimento. Para se obter sucesso empresarial se faz necessário planejar bem, definir objetivo e metas, saber com clareza aonde, quando e como chegar ao resultado esperado”, finaliza o empresário.
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