quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Sacrifício que compensa

Brasília, megalópole do futuro

Para chegar ao trabalho ou à faculdade

o brasiliense faz uma verdadeira via-crúcis



Por Ronaldo Tadeu



Uma hora e meia. Pode não ser muito tempo, mas dependendo do que se vai fazer parece uma eternidade. Para assistirmos a uma partida de futebol, um filme no cinema, namorar, lavar o carro e tantas outras coisas mais seria suficiente.


Porém, para a operadora de caixa Ana Paula Carolina, estudante do Unicesp, uma hora é o tempo que leva de sua casa no P Sul, Ceilândia, à faculdade no Guará apesar das três opções de itinerários. “Da minha casa ao trabalho posso ir pela estrada Parque de Taguatinga (EPTG) e pela Estrada Parque do Núcleo bandeirante (EPNB). Mas na maioria das vezes vou pela via Estrutural que é mais rápida e pego um só ônibus. Nesse percurso levo em torno de 40 minutos até a Asa Norte. Na volta é um sacrifício, gasto uns trinta minutos para ir até a rodoviária do Plano Piloto e pegar o metrô. Dai levo mais vinte minutos para chegar à faculdade”, relata.


Mesmo com todo esse contratempo, Ana Paula não considera a faculdade longe. Ela faz esse trajeto de segunda à sexta-feira e atribui a dificuldade e a demora ao grande fluxo de veículos no trânsito, que está cada vez mais lento.


De acordo com o Correio Braziliense do dia 11 de junho de 2008, na manhã do último dia 10 Brasília ultrapassou a marca de um milhão de veículos, tornando-se a terceira maior frota de carros do Brasil e a quinta da América do Sul. A capital da república não foi planejada para ter tantos carros assim.

Douglas Bonfim, locutor


O locutor de rádio e também estudante do Unicesp Douglas Bonfim relata que optou pela moto como meio de transporte devido aos constantes congestionamentos nas avenidas do DF e o alto preço da passagem de ônibus, já que é morador do P Norte. “Antes eu ia de carro todos os dias pra faculdade, mas estava chegando muito atrasado, sempre tinha engarrafamento no meu trajeto e eu gastava cerca de uma hora para chegar. Embora eu me preocupe com o risco de acidente preferi a moto, pois ela facilita meu deslocamento e é mais prática”, afirma.




O governador do Distrito Federal Jose Roberto Arruda autorizou um pacote de obras que irá expandir as principais vias de acesso do DF e a construção de viadutos de ligação, o que tornará mais rápido o trânsito desta grande metrópole. Por outro lado, morar próximo à faculdade ou estudar perto de casa, tem sido a estratégia de muitos universitários que precisam trabalhar durante o dia para conseguir freqüentar um curso superior à noite.






Débora de Sousa faz parte desse grupo que está cada vez maior no Distrito Federal. Ela fazia faculdade no Guará e mora em Águas claras, próximo ao Pistão Sul. Com a dificuldade de locomoção que se tornou constante nas vias do DF ela se transferiu para uma faculdade mais próxima de sua casa, “Estava ficando muito cansativo pra eu trabalhar e estudar longe de casa. Eu deixo a faculdade muito tarde e várias vezes perco o ônibus: se vou de carro tenho problemas no trânsito que está sempre congestionado. A solução foi mudar de faculdade. Hoje posso ir sem carro para as aulas”, conta Débora que se forma no final de julho.




A vida acadêmica inevitavelmente, incluiu mais este quesito que tem modificado os planos de muitos universitários. Sobretudo em Brasília, que vê sua população crescendo a passos largos. Espera-se que ao término desse nobre objetivo muitos, dos então bacharéis e doutores, tragam uma proposta que facilite o acesso de outros estudantes à faculdade.



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