quinta-feira, 10 de julho de 2008

Faculdades investem no esporte e atletas colecionam vitórias



A bolsa atleta é a oportunidade que muitos esportistas encontram para
concluírem o Ensino Superior sem precisar abandonar o esporte
Por Guilherme Timóteo



Investir na formação acadêmica sem deixar de lado a dedicação ao esporte é o que leva muitos vestibulandos a optarem pela bolsa atleta concedida pelas principais faculdades e universidades do país. Em pleno vigor desde 2006, a nova Lei de Incentivo à cultura (Lei 11.438/06) tem estimulado várias entidades públicas e privadas a concederem incentivos para aqueles que representarão a instituição em competição no exterior.

Usado da forma correta, este marketing esportivo agrega força à faculdade por meio a à faculdade por meio do esporte, tais como liderança, trabalho em equipe e superação. “O esporte vincula a faculdade a uma imagem vitoriosa”. Afirma o coordenador de esportes da faculdade Upis, Flávio Thiessen. Segundo Thiessen, o objetivo da bolsa atleta é voltado para a questão social, somente depois leva-se em consideração a projeção comercial da empresa.

Aluna desta instituição, Ângela Lavalle, 24 anos, atleta do vôlei de praia e aluna do 8º semestre de administração, afirma que o recurso financeiro proporcionado pela faculdade foi imprescindível. “Não recebo salário para jogar. A bolsa atleta foi um grande incentivo”. Mãe de um garoto de cinco anos, Ângela também alerta para outro ponto importante, a curta duração da carreira de atleta. “No vôlei, joga-se normalmente até os 40 anos. Quando eu parar, poderei atuar na área administrativa. Isso é muito bom para quem se dedica ao esporte e sabe que um dia terá que parar”.


Para o coordenador do curso de educação física da faculdade Unieuro, Alessandro de Oliveira, a melhor forma de modificar a sociedade é por meio do incentivo ao esporte. “O esporte constrói o caráter do ser humano”. A faculdade, que atua de forma relevante no setor, patrocina eventos que aliam saúde a pratica de exercícios físicos.

Um dos grandes destaques da universidade é Antônio Delfino de Souza, medalhista no Parapan 2007. O para-atleta quis ampliar o conhecimento na área esportiva e engrenou no curso de Educação Física da instituição. “Vou usar o conhecimento prático nas aulas teóricas e conquistar além de medalhas, vitórias na minha vida pessoal”.



Outra instituição reconhecida pelo investimento pesado em marketing esportivo é a Universidade Católica de Brasília (UCB). Nome como César Castro projeta a UCB. Principal destaque da delegação brasileira, ele tem chance de medalha na prova do trampolim de 3 metros em Pequim. Atual sétimo colocado no ranking mundial, foi o primeiro brasileiro da modalidade a assegurar o lugar nas Olimpíadas ao se classificar para a final da prova no Mundial de Melbourne, no ano passado.

Além de contar com atletas de renome, a universidade realiza projetos como o UCB Beijing 2008. Coordenado pelo professor da área de comunicação, Aylê- Salassié, um grupo formado por professores, alunos e egressos da Universidade Católica de Brasília realizarão a cobertura jornalística das Olimpíadas 2008.
Competições sejam regionais ou nacionais e eventos de grande porte como os Jogos Olímpicos envolvem sentimentos de uma grandeza insuperável que só o esporte pode oferecer. Adrenalina, alegria, conquista, vibração e emoção. Aventura e poder. Esporte produz entretenimento, paixão.

Pedal de futuro


Treinos diários que exigem disciplina e esforço. Por trás de cada podium, horas de dedicação ao pedal. Esta é a rotina dos atletas que fazem parte do projeto “Pedal de futuro”. A idéia surgiu de um empresário de Brasília apaixonado pelo ciclismo, José Roberto Abreu. A iniciativa começou de forma tímida. Por meio de sua empresa, a Neocom, José Roberto patrocinava os atletas destaques do ciclismo brasiliense. A parceria com a faculdade Unicesp veio em 2004.
Inicialmente, a ajuda da instituição se limitava ao apoio material como a doação de camisetas para os esportistas. O investimento maior ficava por conta da empresa de José Roberto. Com o tempo, o projeto engrenou e o Unicesp passou a conceder a bolsa atleta para os “meninos do pedal”. O objetivo é simples: dedicação ao esporte e busca de resultados e em contrapartida, uma bolsa atleta na faculdade parceira.

Com o tempo, a empresa Neocom deixou de patrocinar a maioria dos campeonatos e os atletas tiveram que buscar outros patrocínios. Dentre eles a loja de bicicletas e acessórios (Ciclo miroir) dos irmãos Erik e Heder Vieira, ciclistas que também eram do projeto. Erik permanece na equipe, já o irmão se formou pelo Unicesp e decidiu pedalar apenas por lazer. Agora, além do comércio, organiza os campeonatos de ciclismo pela capital.


O jornalismo como segunda opção

Gustavo, mais conhecido como Chaveirinho, viu no projeto a oportunidade de cursar uma faculdade. Praticante do esporte há 10 anos integra junto com mais sete ciclistas a equipe Unicesp/ Neocom/Ciclomiroir. Estudante do 7 semestre de jornalismo, o ciclista se desdobra entre a rotina dos treinos, o trabalho em uma agência de marketing e a faculdade. No trabalho, horários flexíveis para permitir os treinos e nada de escritório nos finais de semana. O destino nos sábados e domingos é o Lago Sul, ponto de encontro do pelotão do Pedal.


Durante a semana o treino se estende por no mínimo 1 hora e meia. Acompanhado pelo treinador Abraão Azevedo, que monta uma planilha de treinos para ser cumprida, Gustavo segue as orientações buscando sempre aprimorar a técnica. “O Abraão é muito bom. Ele é campeão brasileiro e panamericano de mountain bike”.
Antes de participar da equipe, Chaveirinho foi campeão Brasileiro de mountain bike 2004 e devido a esta conquista foi o beneficiado da bolsa atleta fornecida pelo governo para os anos 2004/2005. “Com o dinheiro da bolsa que o governo ofereceu, eu pude comprar as peças para a bicicleta e de certa forma me manter no esporte”. Outras conquistas do atleta são o campeonato 100 KM Esplanada( 2006), o 3 lugar no campeonato de mountain bike de 70 KM da Ceilândia(2006), campeão do troféu Formosa de Mountain Bike(2005) e campeão da volta da Satélite de ciclismo(2006).






Já trabalhando na área de comunicação, Gustavo é o responsável pela atualização de conteúdo de cinco sites: Mercado Designer, a página do centro comercial Gilberto Salomão, da agência Club In, Club Viajem e do site voltado para os ciclistas, Ciclismo Brasil. Sendo o último de sua total responsabilidade.

Quando questionado sobre a importância da bolsa atleta, Gustavo é enfático ao afirmar que o incentivo foi decisivo para o seu ingresso na faculdade assim como para alguns outros integrantes da equipe. “Alguns dos caras que têm a bolsa não conseguiriam cursar uma faculdade se não fosse por este incentivo”.


Já para o futuro Chaveirinho almeja a estabilidade do funcionalismo público. Com a atenção voltada para os certames da polícia civil e militar diz com certo pesar que em Brasília ainda não existe um ciclismo profissional como em outras capitais e quando questionado se nunca pensou em se mudar da Capital e investir no ciclismo Gustavo desabafa “Já pensei na possibilidade de me mudar para São Paulo e apostar no esporte, mas com o tempo percebi que não valeria a pena.

Não basta ser bom, tem que ser o melhor. É muito sacrifício. Os patrocínios são difíceis e ganha-se muito pouco. Um atleta top ganha por volta de 3 mil reais”. Gustavo não pensa em abandonar o ciclismo.


Unicesp e o apoio ao esporte


“As bolsas atletas fazem parte de um grande projeto social da Associação Educativa do Brasil, a Soebras. Empresa responsável pela administração do Unicesp. Logo implantaremos em Brasília”. Declara a diretora de Relações Institucionais e Convênios do Unicesp, Helaine Melo.

A diretora esclarece que para concorrer à bolsa o vestibulando deve apresentar um projeto relacionado ao esporte que pratica. No documento, deve constar a abrangência da modalidade escolhida e os últimos resultados do atleta em grandes competições locais ou nacionais. As informações são analisadas pelo Núcleo de Assistência da instituição, que verifica a viabilidade do projeto e sua projeção para o mercado. Na seqüência, seguem os tramitem legais. O aluno deve prestar o vestibular e se classificar para o curso escolhido e por último preencher um relatório sócio econômico.

Helaine esclarece que as bolsas podem ser parciais ou integrais, dependendo do projeto e da análise socioeconômica. O aluno beneficiado deve apresentar o rendimento de 75% em cada disciplina e será acompanhado pelo núcleo de assistência social da faculdade.

Questionada sobre o intuito de atrelar a imagem do Unicesp ao esporte a diretora de Relações Institucionais pontua que o esporte é saúde, além de estimular o desenvolvimento intelectual e a auto-estima e lembra que a prática de exercícios é exigência do MEC para a educação básica já para o ensino superior infelizmente não existe esta cobrança.

“Atrelar a imagem do UNICESP a saúde e bem estar dos alunos e familiares, além de demonstrar cuidado e apreço com a comunidade acadêmica vem de encontro com nossa filosofia adotada e implantada em nossos cursos na área de saúde. Lembrando que toda prática de esportes deve ter um acompanhamento e autorização médica”.



Para pesquisa:
Ciclismo Brasil
Lei 11.438/06. Dispõe sobre os incentivos e benefícios para fomentar as atividades de caráter desportivo e dá outras providências.

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